Oct 8, 2012

Amanda

Ela costumava acreditar nas pessoas. Sempre crente e esperançosa sobre o mundo. Sim, existiam as pessoas que faziam coisas más, mas elas deveriam ter seus motivos. Por que não? Ela mal entendia o que se passava em sua cabeça, imagine nas de quem ela sequer conhecia.

Então decidiu não se preocupar com as pessoas ruins, pois poderia se concentrar nas pessoas boas. Tentou ser a mudança que queria para o mundo. Quase inocente, tinha a bondade como sua essência. Decidida e com suas próprias convicções, vivia para não feri-las.

Pobre Amanda, seu erro foi pensar que todos poderiam ser como ela. Pensar por si só, enxergar o mundo coletivamente e decidir por caminhos diferentes em direção a um bem comum. Pois foi não sendo egoísta que ela se prendeu ao seu próprio mundo e nele se permitiu ser enganada.

Em sua inocência, Amanda se iludiu exatamente por quem só queria usá-la. E foi isto que aconteceu. Usada e descartada, ela se perguntou “por quê?” e não obteve muitas respostas que a confortassem além de: “devo ter sido vítima de uma das pessoas más.”, porém seu próprio argumento não a convenceu e algo acabou sendo rompido na pureza de suas convicções.

Agora ela não mais consegue confiar, se entregar ou acreditar totalmente. Pôs em xeque suas crenças e teve dúvidas sobre elas. Se questionou sobre a razão de todo esse alvoroço entre essa espécie tão pequena e mesquinha frente a grandeza do Universo. Não procurou respostas prontas em deuses ou religiões, ao invés disso prosseguiu em seus questionamentos, sem ao menos saber se era a única e porque se torturava tanto enquanto tantos não se importavam.

Finalmente ela encontrou uma resposta, justamente na espécie mesquinha que tanto amava e odiava. E essa resposta a convence, a convence tanto que ela até volta a acreditar. Diria até que está feliz.